Sem tradição na base, Itália se profissionaliza e expõe atraso da CBF
Scolari e Bebeto, que deixou cargo de coordenador das seleções de base da CBF
Entre as grandes seleções, a Itália é, com certeza, a que tem menos tradição nas categorias de base. O melhor resultado do pais, campeão de quatro Copas do Mundo, nos grandes torneios para futuros profissionais foi uma quarta colocação no Mundial Sub 17 de 1987. Com a meta de acabar com esse histórico medíocre e, principalmente, de formar jogadores, a Federação Italiana de Futebol investiu na base. Há dez anos criou o "Club Italia", um braço profissional da entidade, presidido atualmente pelo ex-jogador Albertini, que administra todas as seleções, incluindo a principal e os times de base.
O modelo é semelhante ao adotado por outras seleções européias, como Espanha, Alemanha e França. A comparação com a realidade da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) expõe o atraso na estrutura da entidade brasileira.
Hoje, a CBF não conta nem mesmo com um diretor responsável pelas categorias de base. Bebeto, que chegou a assumir o cargo em janeiro, pediu demissão no início do mês. Desde então, a função está vaga.
Diferentemente da Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha, por exemplo, que contam com técnicos contratados para as seleções sub 20, sub 17 e outras categorias, a CBF tem apenas um treinador fixo para a base. Alexandre Gallo foi chamado pelo atual presidente da entidade, José Maria Marin, para assumir o time Sub 20 após o fracasso no último Sul-Americano da categoria, em janeiro, quando o Brasil não passou da primeira fase.
Na Itália quem ocupa o cargo que está vago na CBF, o de coordenador das categorias de base, Arrigo Sacchi, ex-técnico do Milan e da seleção italiana.
Com Sacchi, os italianos copiaram práticas já executadas nos vizinhos europeus. Os jogadores do sub 15 ao sub 21 se reúnem pelo menos uma vez por mês no centro de treinamento da federação italiana para série de treinamentos que duram de 3 a 5 dias. As seleções de base também passaram a jogar mais amistosos internacionais.
"Se não houver essa mudança de pensamento na Itália, de que é preciso trabalhar com a base, o futebol vai morrer no país. Todos os países devem fazer isso, é o futuro", afirmou Sacchi, em entrevista ao UOL Esporte. "Na Itália os clubes não investem na base, por isso a federação tem que assumir esse papel", completou.
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